Conto: A Mesa Mágica Sentada sobre a mesa junto com meus irmãos, numa atmosfera de magia e espetáculo, ouvia paralisada as estórias mais esdrúxulas e escabrosas do folclore local. A do Lobisomem, contada como se verdade fosse por D. Aninha, era sempre a melhor, difícil de esquecer, de modo que na hora de dormir, só se fosse com alguém junto na cama. Vela e candeeiro a gás nos iluminavam e aumentavam o suspense e o medo. Ao mesmo tempo, aquela luz amarela, branda, suave, tão relacionada ao Divino me confortava. De repente um uivo, depois uma sombra formando-se na parede branca da sala veio se aproximando. Mas, calma gente, é apenas a minha mãe Catarina segurando uma vela numa mão e um lanche na outra. Sobre essa mesma mesa jogávamos cartas de baralho noite adentro. Sobre a mesa, via minha mãe costurar as roupinhas para minha boneca de pano. Sentada sobre aquela mesa, comia ovos batidos com açúcar. Desenhos, alfabeto, rezas, orações, ref