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Mostrando postagens de dezembro, 2020

Poesia "Solidão"

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  Solidão Amo tuas vestes como se teu corpo fosse Dobro-as com cuidado Para não te machucar Cheiro tua essência Devaneio, abraço-te Sinto tua presença Você está aqui E é tão forte que posso vestir-te E andar por aí acompanhada de ti Conversamos Escuto tuas palavras, tuas opiniões Consola-me Peço licença, volto para a realidade Vou cuidar da vida.                               Lairte, Serrinha/BA, dez/2020.

Poesia " Em Busca da Poesia"

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  Em Busca da Poesia Tarde calma, tempo ameno Um convite para estar Estar presente no meu corpo Só nós dois a conversar Silêncio Por quantas horas esse momento pode-se perpetuar Escuto os pássaros Não quero que a vida me chame Mas sempre há movimentos a nos chamar Incontingências a nos chamar Aproveito cada segundo Limpo meus pensamentos, expulso todo o mal Para me conectar com o divino Divino sem nome, sem religião Divino mistério que me conduz em busca da poesia Lairte, Serrinha/BA, dez/2020.

Conto "A Mesa Mágica"

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       Conto: A Mesa Mágica           Sentada sobre a mesa junto com meus irmãos, numa atmosfera de magia e espetáculo, ouvia paralisada as estórias mais esdrúxulas e escabrosas do folclore local. A do Lobisomem, contada como se verdade fosse por D. Aninha, era sempre a melhor, difícil de esquecer, de modo que na hora de dormir, só se fosse com alguém junto na cama. Vela e candeeiro a gás nos iluminavam e aumentavam o suspense e o medo. Ao mesmo tempo, aquela luz amarela, branda, suave, tão relacionada ao Divino me confortava. De repente um uivo, depois uma sombra formando-se na parede branca da sala veio se aproximando. Mas, calma gente, é apenas a minha mãe Catarina segurando uma vela numa mão e um lanche na outra.           Sobre essa mesma mesa jogávamos cartas de baralho noite adentro.         Sobre a mesa, via minha mãe costurar as roupinhas para minha boneca de pano.           Sentada sobre aquela mesa, comia ovos batidos com açúcar.       Desenhos, alfabeto, rezas, orações, ref

Conto "Ainda me encontro lá"

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                                           Ainda me encontro lá      Ele não sente as minhas dores. Tento me consolar repetindo isso para mim mesma.      Minha memória ficou presa naquele dia em que dei o primeiro passo para mudar minha vida para sempre, e consequentemente a dele também. Quando me dei conta, estava perdida, em lugar nenhum. Vejo-me paralisada naquela cena, arrumando coisas para partir. Triste momento. Triste decisão.       Passaram-se dez anos e ainda estou lá, no mesmo ponto de partida, como que desejando chegasse alguém, um anjo, com poderes para tirar aquela ideia fixa da minha cabeça, e como numa interdição forçada – mas necessária, eu fosse dopada e só acordasse quando minha razão estivesse de volta. Entretanto, não aconteceu. Joguei-me do abismo da inconsciência, quebrei-me toda, desmanchei-me em pedaços tão indefinidos que se tornou impossível minha reconstrução.       Sigo em recortes aleatórios. Às vezes me reconheço, noutras não.       Ele não sente as minhas