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Mostrando postagens de abril, 2021

"Saudade"

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Saudade   Vejo sua imagem, outrora altiva e elegante, como uma miragem                trêmula, estremecida sob o sol amarelado, quase laranja, do fim da           tarde.      Ele caminha lentamente, passos cansados, deita seu corpo esgotado         num banco de madeira.  Que vida! Que destino! Volta!... E eu apanho o teu chapéu que o vento derrubou!  Sento no teu colo e ponho teu chapéu de volta, tua vida de volta.  A tua existência tem muito mais sentido que a minha.  Aquele teu cansaço agora é meu, com uma porção grande de                 desalento...  Vem, deixa eu colocar teu chapéu de palha! Lairte Souza Serrinha/BA, abril/2021.

Crônica: A vida do outro é que lhe importa.

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  Crônica:    A vida do outro é que lhe importa.   Como pode tanto amor em uma pessoa só? Esperta e apimentada, desfilava sua beleza esbelta, altiva, cheia de si e muito, muito remelexo.  O dom de cuidar do outro sempre lhe falou mais alto, de modo que passados muitos anos ainda cuida com prazer. Hoje cansada, de amores e de trabalho_ “braba” até surra deu na amante do marido (à época)_ , continua doando seu amor por aonde passa, apesar de poucos retribuírem tanto cuidado.  Será que o quanto ganhou ao longo dos seus quase trinta anos como empregada doméstica paga uma vida de dedicação ao próximo? Até hoje não entendo sua escolha, mas fato é que fazia e faz o que gosta: cativar e ser cativada. O outro lhe interessa; o outro é que lhe importa.                                                   Lairte Souza                                                   Serrinha, abril/2021  

Poema "Marias"

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  Marias   Ainda tão Menina  Seus dentes fracos arrancados Arrancaram seu sorriso Mandou fazer outros arrumados Que lhe devolvessem seu riso Mas veio o riso de outrem E para reconhecê-lo só mesmo olhando nos olhos, e não na boca Mas tudo bem! Ela já não se importa Põe seu laço no cabelo E vai...   Lairte Souza Serrinha, abril/2021

Crônica: Cíntia e seu espelho

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  Cíntia e seu espelho   Completamente absorta, ela olha através do espelho sua imagem. Comtempla noutro perfil: não gosta, acha-se feia. Observa novamente algumas pintinhas nas bochechas, passa mão na face, levanta os cabelos: recusa-os! E o tempo passando, horas naquele diálogo de oposição; noutras vezes, de aceitação, de admiração. Sonhos vivem ali naquele espelho e ela sabe disso, retornando sempre para aquele objeto de sedução. De tanto mirar-se poderia ser excelente fotógrafa, atenta aos detalhes por tantos anos, vendo através da imagem e além dela,   creio que saberia captar a essência dos momentos, das paisagens, das pessoas... Mas Cíntia foi ser Jornalista. É feliz? Não sei, não sei. Penso que fotografia não paga as contas... Também poderia ser modelo posando para revistas de moda, aliás poses não lhe faltam, seu repertório é vasto_ treinou durante anos de sua adolescência diante daquele reflexo. Não espere que convidem você. Viaje! Viajemos nós através do espelho de nos