Conto: "Pipe e a Feijoada"

 


Pipe e a Feijoada

Dia de Festa na casa da avó de Pipe, menino adorável e esperto. Num quintal imenso, cheio de árvores, ele brincava com outras crianças, pequeninas como ele, de dois ou três aninhos, em volta das tias e avó, a qual preparava uma panela grande de feijoada, ali mesmo no chão, em cima de tijolos e fogo a lenha, algo bonito de se ver, principalmente para Pipe, atento aos movimentos e ao trabalho daquelas, cozinhando num caldeirão mágico, próprio das estórias de bruxas que ele ouvia ou assistia à TV.

Muitas folhas verdes, um punhado de cominho, sal e outras especiarias eram jogados dentro daquele caldeirão. Ele observando tudo, então, quis participar, ajudar naquela tarefa: agachou-se, encheu a mão de areia e correu até o tacho, numa velocidade tão grande que não deu tempo ninguém perceber a tragicomédia iminente. Abriu a mãozinha e jogou a terra dentro da feijoada! Único almoço do dia.

Era tarde demais quando viram. Feijoada perdida... Uma bronca injusta ao olhar de Pipe, que só queria ajudar, mas justificada pelo constrangimento que causara a sua mãe, diante daquele gesto inusitado. Uma peraltice de criança inocente que, depois de passado o espanto de todos, esse foi o assunto mais comentado por muitos dias, para a diversão e riso daquela família, e de quem ia chegando para comer feijoada e encontrava churrasco.

 

Lairte Souza

Serrinha/BA, fevereiro/2021.

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