Conto : Um Dia no Parque
Conto: Um Dia no Parque
CAPÍTULO I: O Carrossel
Cavalga,
cavalga, sobe, desce, sobe... Gira, gira, gira... Está tudo tão azul, tão
colorido, tão branco... Meu vestido esvoaçante; solto uma mão depois a outra,
giro, mudo de lado do meu cavalo alado, somos um só... Mas eis que escuto:
“Clarinha!”... Ecoando, ouvia meu nome longe, muito longe...
Perguntei
ao meu dragão:
—
Aonde vamos?
—Vamos
além do horizonte, onde todos os seus sonhos podem se realizar. Lá não existe
dor, nem tristeza, e as luzes que estamos vendo são eternas, jamais se apagam;
não terás a decepção de ver este Parque quando todos vão embora, junto com toda
a magia que estamos vivendo agora. Lá o tempo não passa! — disse-me o dragão.
Voamos
com intensidade na vastidão do espaço. Flores de todas as cores começaram
aparecer e eu já estava agora caminhando entre elas: muitos aromas, humm...
Entre névoas ele veio: lindos olhos negros, estendeu sua mão, convidando-me.
Subimos juntos no meu dragão e abraçados voamos... Ele me bastava; seu amor
seria meu alimento, minha vida... “Clarinha! Clarinha!”... Uma voz ecoava
novamente, chamando meu nome, agora bem mais forte, de modo que despenquei e
caí do cavalo, quase sendo esmagada pelos demais, à medida que o carrossel
girava. Maria me arrastava, eufórica, para outro brinquedo do parque, e eu,
cambaleante, corria puxada por minha amiga.
“Algodão
doce! Algodão doce! Quem quer comprar? Moça bonita não paga, mas também não
leva...” (Dito da cultura popular brasileira).
CAPÍTULO II: A Roda
Gigante
Do
alto dava para ver o mundo.
—
Olha, Maria! É o Marcelo ali! — apontei para baixo, onde podíamos ver uma
miniatura de um jovem, caminhando pelo parque... Mas e o mundo lá adiante,
aqueles prédios altos, aqueles vales e montanhas... E a roda gigante subindo...
Agora vejo carros frenéticos...
— Cuidado! — Gritei.
Vejo-me
numa cafeteria charmosa, com a boca cheia de café com pão de queijo, quando
senti aquele rosto em cima do meu, roubando-me um beijo!!
—
Clara! Olha o Marcelo novamente, bem ali! — gritava Maria, apontando em direção
ao amigo.
Acordei
desnorteada daquele devaneio, enquanto a roda descia, aproximando-se do chão e
da realidade.
Vi
Marcelo sem percebê-lo. Ele não se parecia com ninguém dos meus sonhos...
CAPÍTULO III: O Trem
Fantasma.
Todos
os meus medos vieram à tona naquele brinquedo: medo do escuro, de caveiras, de
monstros! Gritávamos sem parar. Não havia espaço para fugas, para fantasias.
Apenas gritávamos, do início até o fim do túnel. Nessa hora pensei em Marcelo...
CAPÍTULO IV: O Chapéu Mexicano
—
Maria, eu não vou, é alto demais! — Vamos sim, é o máximo! —respondeu ela. Realmente
foi o máximo de adrenalina que eu poderia aguentar e mais um monte. Acordei em
um lugar mágico, muitas brumas encobriam a paisagem, mas logo foi-se dissipando
e pude ver lagos onde pousavam seres delicados, de asas coloridas, corpo de
meninos e de meninas, de olhares angelicais. Eu era uma ninfa das flores: bela,
muito bela...
Mas
logo ouvi: "Clara! Clara!".
Estavam
muitos rostos a me olhar; eu deitada no chão, ainda tonta, tentava voltar do
desmaio que tive naquele brinquedo louco. Marcelo segurava meus ombros e os
sacudia dizendo: "reage, Clara! Meu amor, estou te procurando há um
tempão!"
CAPÍTULO V: A Maçã do Amor
—Você
não deve ter se alimentado. Venha, vou comprar uma maçã do amor, aquela sua
preferida —disse Marcelo.
Sentamos
num banco da praça, enquanto Maria corria para abraçar outra amiga. Ficamos a
olhar o céu cheio de estrelas; minha cabeça ainda parecia ver tudo girar.
Marcelo era gentil e em breve nos casaríamos; aliás, fazia pouco tempo que
havia me pedido em casamento.
Comendo
aquela maçã do amor e segurando a mão de Marcelo, fiquei a pensar que a
realidade, muitas vezes, também pode ser deliciosa de ser vivida.
Lairte Souza
Serrinha, março/2021
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