Contos de Gael, uma “figura”

 


                                        Contos de Gael, uma “figura”

Sentado na sala de Pilates, todo esticado, tentando alcançar os pés com as mãos, estava Gael, 5 anos. Ao lado suas “coleguinhas” de 40, 50 anos, uma delas Violeta, vaidosa e cheia de tatuagens, as quais logo chamaram a atenção daquele menino observador:

— Violeta, isso aí em seu braço é uma tatuagem?

— Sim. Eu tenho várias: aqui no ombro, nas costas, no tornozelo... — e ia mostrando cada uma.

— E na bun... você tem?

— Gael! Você tá querendo ver minha bun...

— Ah, é que você tem em tanto lugar..., podia ter uma também aí!

Certa feita precisou realizar quimioterapia em Salvador, com apenas três aninhos. Impaciente com a demora na transfusão de sangue/plaquetas, chegou para a enfermeira e disse:

— Oh Rita, traz logo minhas “pateta” aí, que eu preciso viajar pra Serrinha!

É assim, muito decidido e cheio de imaginação.

Queria namorar a prima; pediu-lhe em namoro, sem titubear, mas a pretendida respondeu-lhe: “nós somos primos, Gael, não podemos! Senão nossos filhos vão sair com defeito”. 

Partiu, então, para as coleguinhas de sala, e já se apaixonou por várias, nesses longos cinco anos de idade. 

Diz que sofre por amor, e exclama: "ai meu coração!!".


Lairte Souza

Serrinha, setembro de 2021.

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